28 de maio de 2015

Leilão de Medos

É engraçado, porém estranho como o amor se acalma, se aquieta e se vai.
Nunca por completo, deixando sempre para trás a saudade.

Há um ano, nada era como é hoje, a dois anos muito menos. Eu era diferente, você também, o tempo também.
Eu fechava os olhos e um medo estava na minha frente, o colegial. Eu segurava o coração e sentia um calor pulsante, o amor. Eu abria a mente e voava sem limites, os sonhos.
Você, não sei o que pensava, nem o que imaginava muito ao menos o que sentia.

Hoje, eu fecho os olhos e sinto o medo em minha frente, mas já não vejo mais o colegial, que fica para trás. Seguro o coração e já não sinto mais o calor que irradiava, sinto sua dissipação. Eu abro a mente, continuo a voar, mas não da mesma maneira.
É assustador como as coisas mudam, desde os hábitos mais banais, os tics, até as ideologias mais profundas. Dia após dia, nada muda, mas quando olhamos para trás nada mais está da mesma maneira.

Antes meu medo era me apaixonar, mas aí me apaixonei, então passei a ter medo de me magoar, mas me magoei, então passei a ter medo de não esquecer, e não esqueci, mas apesar disso, não tenho mais medo, algumas coisas foram feitas para serem lembradas para não serem repetidas. Qual meu medo agora?

Já não sei mais o que procurar em alguém, nem quem procurar no horizonte, nem que horizonte buscar na vida. Meu medo é jamais sentir aquele calor no coração novamente, calor que me move, que me incentiva, que me impulsiona e me ajuda, calor que me torna forte e confiante. Calor que alguns gelos me tiraram, por ironia dos ciclos da vida.

Meu medo agora? Não conseguir mais me apaixonar.
Meu medo agora? De ter perdido o que eu jurei não perder, esse meu jeito de menina apaixonada.
Meu medo? Que ele tenha tirado a magia dos outros olhares, paixão dos outros beijos e carinho dos outros abraços.

Já cansei, disso tudo, desse sentimento que ficou do que já foi, dessa sensação de impotência, e dessa perda de identidade.
O tempo não me ajuda, mas como eu sempre digo, quem quer arruma um jeito, quem não quer arruma uma desculpa.
Serei, enquanto puder uma eterna apaixonada, mas não vou mais ser a boba apaixonada.
Não sou antiquário para viver de passado.

Vou leiloar minhas paixões, vender minhas histórias, liquidar meus sentimentos, cansei de me iludir.

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