16 de agosto de 2018

XV vezes primeiro

#ParaTodosQueJáAmei

A,
Mas prefiro te chamar de L,

Essas são as primeiras palavras que escrevo pra você.
Desde que nos conhecemos, poucas palavras foram ditas e menos ainda escritas. Logo de mim, a menina que transborda sentimentos em folhas de papel.
Apesar de que muitos diriam que essa "falta" de palavras era uma grande falta de comunicação, entre nós os meios de comunicação eram outros. Foram tantas sensações, olhares e toques, esses pra mim falavam mais do que qualquer outra coisa e bastavam.
Não precisava mais das palavras para transmitir meus sentimentos. Te beijar bastava, te olhar bastava, te tocar bastava.
Que real amor. Que real, amor! Sem dúvida, meu amor por você foi o menos iludido de todos os meus amores. Talvez por isso, palavras não foram necessárias.
Não posso dizer que já não me importo mais, que não ligo mais, nem que não sinto mais. Não posso dizer que já não te amo mais, mas com certeza não sofro por te amar e não te ter, afinal sabia que jamais te teria desde a primeira vez que te vi.
Aliás, a primeira vez que te vi... Foi na aula de programação. Um menino alto, cabelos claros e todo peculiar no seu jeito de andar, mas era apenas um menino passando no canto do meu olhar.
Foi na reunião do Centro acadêmico, lá para junho do meu primeiro ano, a primeira vez que te notei. Jeito de moleque, olhar perdido e focado. Naquele momento, jamais te imaginaria como você realmente era.
Foi na praia, no Guarujá, no aparamento bagunçado em que você e seus amigos estavam, a primeira vez que trocamos um olhar. Nesse mesmo dia, foi nosso primeiro beijo, a primeira vez que ao seu lado, vi o amanhecer com um novo significado, sentada na areia da praia com a cabeça em seu peito. Até nossa primeira conversa, muitos significados, mesmo com tão poucas palavras. Falei besteira, me atrapalhei com as palavras, você riu, elogiei sua camisa do Santos, você se aproximou, brincou com meu jeito parecendo notar minha insegurança. Fiquei mais calma e sorri.
Você, discreto, mas certeiro, confiante e jeitoso. Parecia afastar os outros com uma máscara (superficial), mas seu olhar entregava a profundidade dos pensamentos e medos.
Primeiro amanhecer, primeira loucura, primeira aposta. Primeiro sem ilusão, acabamos na praia, sem idealização.
Não foi meu primeiro amor, mas foi o primeiro. Primeiro que não me iludiu, primeiro que me descobriu.
Hoje, é estranho escrever para você, pensar em você, sem ver você.
Espero que esteja feliz, que tenha se encontrado, se realizado. Sei que você precisava ir e te admiro por isso, por ter tido a coragem de ir atrás dos seus sonhos. 
Desejo que você se ache no mundo como eu me achei no seu abraço.
Fico triste por não ter conseguido me despedir, até pensei em te procurar, mas percebi o quão egoísta seria, pois não seria por você, nem por nós, mas sim por mim. Não faria a mesma besteira que já fiz com os outros, não queria estragar sua lembrança de mim, nem minhas lembranças de você.
Você foi a incerteza mais certeira que eu já tive e só hoje vejo que você já tinha ido embora, antes mesmo de partir.

Carol

Nenhum comentário:

Postar um comentário