30 de dezembro de 2022

Vai ter um final

J,

Quanta intensidade em apenas quatro letras.

Agora que já não tenho que esconder nada, nem fingir nada, queria te falar algumas coisas.

Não que eu tenha fingido ou escondido algo, mas com certeza demonstrei menos do que gostaria e pensei duas vezes antes de dizer ou não dizer certas coisas, mas sinto que agora posso ser totalmente sincera.

Eu gosto muito de você. Na verdade, eu te amo. Essa foi uma das muitas coisas que queria ter dito e não disse, que queria ter demonstrado e me contive.

Mas por favor, não fique apegado ao sentido mais limitado e óbvio do amor. Quando eu digo que te amo, não estou dizendo que você é o amor da minha vida, que eu quero casar e ter filhos. Não. Quando digo que te amo, quero dizer que amo a pessoa que você é, amo seu jeito, amo a pessoa que eu me torno quando estou perto de você, a pessoa que você me faz querer ser. Quero dizer, que amo a forma como você pensa, a forma como você me trata, amo você da forma como você quiser entender esse amor.

Sempre tive muito medo de dizer ou demonstrar tudo isso. Mostrar meu verdadeiro eu, meu lado 100% intensa, meu lado que queria estar o tempo todo com você, saber de cada detalhe da sua vida, do seu dia, dos seus sonhos. Ao mesmo tempo que me segurei muito, você quebrou um pouco dessa minha enorme insegurança.

Todo mundo sempre se assustou com meu jeito intenso. Todos se afastavam, tinham medo e na primeira que eu falava ou demonstrava, eles sumiam. Você quebrou um pouco essa minha insegurança, de ser intensa e assustar, de ser intensa e afastar. Você me deixou ser intensa, nas minhas ações, na minha presença, nas nossas conversas, me deu espaço pra falar, me deu espaço pra eu ser eu mesma, me deu espaço pra sentir e de certa forma se entregou junto comigo (eu acho). Você quebrou isso, porque quando eu fui intensa, você ficou. Você me ouviu, me abraçou, me beijou, pegou na minha mão e mergulhou de cabeça junto comigo. Você foi o contrário do que meus instintos e vivências falavam para mim.

É... a primeira vez que quis dizer que te amava, não faziam nem dois meses que a gente se conhecia. Sempre foi muito mais fácil falar o quanto você era gato e gostoso, porque isso sempre pareceu menos apegado e sufocante, até porque eram detalhes visíveis e tangíveis. Mas nunca falei o quanto você era lindo. Não no sentido físico, mas seu balanço entre racional e emocional (que você insistia em dizer ser racional, mas que se permitiu sentir e viver algo tão rápido e intenso, mesmo que fizesse muito sentido racionalmente falando), sua responsabilidade emocional, seu olhar pro mundo, seus sonhos, suas ambições, seu amor por gatinhos, sua forma de conduzir a relação, na cama e fora dela, seu jeito de falar do trabalho, seu interesse pelo meu dia, seu jeito de ser, seu jeito leve, seu jeito aberto, comunicativo e carinhoso.

É quase injusto que nossos caminhos tenham se cruzado apenas agora, mas também seria impossível que tivessem se cruzado antes.

É injusto que no meio dessa correria tenha surgido uma conexão e um encaixe tão absurdo.

É injusto pensar em tudo o que poderíamos ser e viver e não seremos nem viveremos.

Foi tudo muito rápido. A velocidade com que tudo foi acontecendo sempre me surpreendeu. A velocidade que a gente pegou intimidade, a velocidade na qual você me conquistou, a velocidade com que você já me tinha facinha.

Em três dias fomos viajar, mais dois e eu dormi na sua casa, mais algumas semanas e eu não saia mais de lá. Em dois meses já tinhamos viajado várias vezes e já parecia que eu te conhecia há meses.

Você foi literalmente um acaso no meu destino que simplesmente mudou tudo.

Nesse momento, nessa fase, nesse caos, a última coisa que eu esperava era conhecer alguém. Alguém legal, bonito, interessante, inteligente, divertido, animado, que eu admirasse, que me desse vontade de passar tempo junto, que eu fosse querer incluir nos meus planos, que eu fosse querer fazer planos juntos e que fosse de alguma forma mexer comigo. Mexer com os sentimentos de uma Carol versão golpe e atacante.

Sempre me disseram que as coisas mais incríveis acontecem quando a gente menos espera. Sempre fui um pouco cética enquanto a isso, mas você foi exatamente isso.

Você entrou na minha vida do nada, de forma inesperada, no momento em que eu estava com a guarda baixa, porque jamais esperaria que algo assim aconteceria nessa altura do campeonato. No que até então eu chamada de “a minha melhor fase”, e você entrou para somar ainda mais.

Você veio como se fosse a cartada final do destino, pra fechar um ano de coisas novas e incríveis que aconteceram na minha vida.

Parece quase uma prova de fogo, a tentativa final do destino querendo me testar, me dando um motivo a mais para querer ficar.

Foi tudo tão intenso. Alta frequência, grande conexão, tamanha vontade.

Tão intenso como a última dança de uma festa que eu não queria que acabesse.

Tão intenso como o prazer do último pedaço de banoffe. Tão intenso como o último shot antes do pt.

Como a última investida antes do orgamos.

Uma pressa de viver o que precisamos viver num espaço tão limitado de tempo.

Nesses poucos dias você já me fez viver tanto, aprender tanto, curtir tanto. Me fez experimentar coisas novas, fosse na cama, no dia a dia e até em uma “relação”.

Você me mostrou como as coisas podem ser leves, sinceras e deliciosas. Como é ter algo sem pressão, sem expectativas mirabolantes, sem angústia, sem ansiedade.

Você me mostrou como é tão melhor quando tem conexão e encaixe, quando estamos com alguém que a gente admira, curte e se sente bem junto. Alguém que tem e está na mesma vibe.

Você veio e me mostrou muito de mim, muito de relação, muito de sintonia e conexão.

Você chegou no melhor e no pior momento.

O melhor momento da minha vida, que eu estava feliz, sem caos, aproveitando cada segundo da vida, confiante e me entregando a cada experiência única que estava surgido, da forma como deveria ser sempre, como eu disse “na minha melhor fase”.

Mas no pior momento também, porque estavamos limitados a um tempo determinado, em que mesmo se quiséssemos, não existia a possibilidade real de “nós”.

Você é algo que eu não pedi pra ter, mas agora pediria 1000x pra que ficasse mais tempo se fosse possível. Para que a gente tivesse mais tempo, mais histórias pra viver, mais noites pra ficar em claro, mais ondas pra mergulhar, mais viagens e destinos para desbravar e mais vinhos novos pra degustar.

Não queria ter um futuro com você, mas queria ter a possibilidade de tal, nem que o futuro fosse apenas mais alguns meses, algumas semanas ou alguns dias.

Mas o tempo nunca foi nosso amigo, nunca esteve do nosso lado. Na verdade esteve, foi ele, ou melhor, a falta dele, que fez com que a gente entrasse nessa dessa maneira. Mas contra nós, porque sempre foi ele o ponto final, um ponto final que não foi escolhido, apenas determinado, como uma das regras imutáveis do jogo. Eu não pude dar mais tempo a nós, mas mesmo que pudesse, sei que você não poderia me dar o que eu gostaria, e tudo bem, é lindo ver você aproveitando “seu melhor momento” também.

A data de validade foi uma desculpa incrível, racional o suficiente, conveniente e o pretexto perfeito pra se entregar achando que não iríamos nos apegar. Eu me apeguei, desculpa. Mas não tinha como não. Você é fofo, bonito, gostoso, inteligente, gente boa, responsável, festeiro, animado e muitas outras coisas. Não tinha como não me apaixonar. Juro que não era o objetivo, só aconteceu, mas não me arrependo nenhum pouco.

Agradeço a data de validade por ter permitido que esse encontro acontecesse como aconteceu, por ter permitido que a gente vivesse tantas coisas e tantas coisas gostosas, as viagens, as noites, as transas, as conversas, os vinhos, os dates, os carinhos.

Mesmo sabendo que a limitação de tempo foi um dos principais fatores para tanta intensidade e liberdade, conforme os dias foram passando, me perguntava como seria se não a tivessemos e se eu fosse ficar.

Se já teria acabado, se nem teria começado, se seria tão bom ou não.

Essa limitação, esse prazo de validade tirava as expectativas, a pressão e a cobrança sobre um futuro, fazendo com que fosse tão bom e tão fácil. Mas, infelizmente, também tira muitas outras possibilidades.

É difícil esquecer ou deixar pra lá coisas como você, que entram na nossa vida, mudam tudo de uma hora pra outra, fazem você se ver feliz com o pensamento longe, ou querendo estar junto o tempo todo, simplesmente porque é gostoso. Não pretendo fazer isso, mas sim te levar como uma parte de uma nova carol que por alguma razão o destino queria que vivesse isso e torcer para que o destino talvez cruze nossos caminhos de novo. Uma amiga uma vez me disse que a probabilidade de a gente conhecer alguém é sempre menor do que a de a gente reencontrar ela depois.

Não quero pensar na despedida.

Não quero pensar no fim.

Não quero pensar em como iremos nos afastar.

Não quero pensar no quanto sentirei a sua falta e muito menos em tudo o que poderíamos viver.

Não sei como vai ser, não sei como vou encarar.

Eu sei que vai doer, na verdade já está doendo.

Mas obrigada.

Por toda essa experiência.

Pelo melhor sexo que eu já tive, pelas massagens, pelas tremedeiras na perna, pelas conchinhas, pelos carinhos, pelas viagens, pelas risadas, pelas noites juntinhos, pelos ensinamentos, questionamentos e sentimentos.

Obrigada por ter feito eu me sentir a pessoa mais bonita e sexy do mundo só pelo jeito que você me olhava, me segurava e me apertava.

Obrigada por ter mudado um pouco minha forma de olhar o mundo e me fazer querer ser uma pessoa melhor, correr atrás de outros sonhos e me ensinar como tudo pode ser leve e sincero.

Obrigada por ter me deixado entrar na sua vida e viver um pouco da sua melhor fase com você.

Com amor,

Carol

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